Imagem O naufrágio de William Turner
 Os
pioneiros no Romantismo foram, Alemanha e Inglaterra, mas foi a França que
divulgou a nova tendência.
Na
segunda metade do século XVIII, o Ocidente presencia uma expressiva
transformação na sua vida cultural com o surgimento da burguesia moderna, e com
ela, o individualismo e valorização da originalidade.
 A burguesia pensava que já tinha o poder
econômico e queria também o poder político, para adentrar de vez na sociedade
do período. E para isso era preciso modificar a mentalidade deste povo
influenciando através da cultura da época. Com a Revolução francesa e a
Independência dos Estados Unidos o Romantismo se consolidou, como estilo de
época, com os ideais liberais.
Esse
período coincide com a queda do sistema de governo despótico e o surgimento do
liberalismo político. No Brasil coincide com a independência política de 1822,
a guerra do Paraguai e a campanha abolicionista.
Três
revoluções se destacam nesse contexto:
Revolução
Industrial: Que modificou as antigas relações econômicas, estabelecendo na
Europa uma nova política com ascensão da burguesia capitalista industrial, que
luta para ter também o poder político, com a intenção de ter acesso na
sociedade do período.
 Revolução Francesa e a Independência dos
Estados Unidos tiveram papel fundamental na consolidação do Romantismo como
estilo de época. A classe burguesa, agente desses fatos históricos, e a partir
daí muito influente, passa a manifestar um padrão artístico próprio, através do
qual opõe emoção ao sentimento racional, a liberdade do gênio criador, à
obediência às regras clássicas, o individualismo à opressão, de uma sociedade
injusta e desigual.
 A Revolução
Francesa é o clímax desse século de oposição. 
Afinal, essas tendências literárias individualistas identificavam-se
amplamente com os princípios revolucionários franceses de derrubada do
Absolutismo e ascensão da burguesia ao poder, através de uma aliança com
camadas populares.
 
Em
Portugal, os ideais desse novo estilo encontram, a exemplo do que ocorrera na
França, um ambiente adequado ao seu teor revolucionário. Opunham-se naquele
país duas forças políticas: os monarquistas, que pretendiam a manutenção do
regime vigente, depois da expulsão das tropas napoleônicas que tinham invadido
o país em 1806, e os liberais, que pretendiam sepultar de vez a Monarquia. A
Revolução Constitucionalista do Porto (1820) representou um marco na luta
liberal, mas os monarquistas conseguiram manter o poder durante todo o período,
marcando com perseguições as biografias de muitos escritores daquele país,
quase sempre adeptos do Liberalismo. O movimento romântico nasceu dentro de uma
atmosfera política bastante conturbada, que defendia a implantação do
liberalismo no país. Esse movimento tinha por objetivo a implantação de uma
política de cortes, eleita por todas as classes sociais. De um lado, D. Pedro
IV (D. Pedro I do Brasil) representava o liberalismo; de outro, D. Miguel, seu
irmão absolutista. Derrotado, D. Pedro cede o trono português ao irmão e só
consegue reavê-lo em 1834, quando o liberalismo finalmente vence. É em meio a
esse desenrolar de anos tão caóticos, de lutas entre liberais e conservadores,
que os românticos foram implantando as reformas literárias. Há três momentos
distintos no desenvolvimento do Romantismo português:
  1º Romantismo (ou primeira geração): atuante
entre os anos de 1825 e 1840, ainda bastante ligados ao Classicismo, contribui
para a consolidação do liberalismo em Portugal. Começa a narrar assuntos
contemporâneos e sobre o cotidiano do homem burguês. Valorização do homem
emotivo, intuitivo no lugar da racionalidade, subjetivismo e fuga da realidade.
Chamada de geração nacionalista no Brasil, apresenta exaltação à natureza,
criação do herói na figura do índio, sentimentalismo e a religiosidade são
algumas das características marcantes da chamada geração indianista. 
  2º Romantismo (ou segunda geração): também
conhecido como Ultrarromantismo, marcado pelo exagero, desequilíbrio,
sentimentalismo, prevalece até 1860. Chamada de geração do mal-do-século,
apresenta negativismo, desilusão, tédio e dúvida. Culto ao egocentrismo,
religiosidade, naturalismo, apego ao intimismo e valores extremados são
chamados de ultra-românticos. A fuga da realidade é um dos temas preferidos que
se manifesta na exaltação da morte e nas virgens sonhadoras.   
  3º Romantismo (ou terceira geração): de 1860
a 1870, é considerado momento de transição, por já anunciar o Realismo. Traz um
Romantismo mais equilibrado, regenerado. Caracterizada pela poesia social e
libertária, denuncia dos males sociais, revelação das fragilidades. Conhecida
como geração condoeira.
A
história do Romantismo no Brasil confunde-se com a própria história política
brasileira da primeira metade do século passado. Com a invasão de Portugal por
Napoleão, a Coroa portuguesa muda-se para o Brasil em 1808 e eleva a colônia à
categoria de Reino Unido, ao lado de Portugal e Algarves.
Após
1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, busca-se o
passado histórico, exalta-se a natureza da pátria; na realidade,
características já cultivadas na Europa e que se encaixavam perfeitamente à
necessidade brasileira de ofuscar profundas crises sociais, financeiras e
econômicas. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado como reflexo
do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembléia Constituinte; a
Constituição outorgada; a Confederação do Equador; a luta pelo trono português
contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado assassinar Líbero Badaró
e, finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade
prematura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge o
Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, de
nacionalismo.
 As consequências desse fato são inúmeras. A
vida brasileira altera-se profundamente, o que de certa forma contribui para o
processo de independência política da nação. Dentre essas consequências,
"a proteção ao comércio, à indústria, à agricultura; as reformas do
ensino, criações de escolas de nível superior e até o plano, que se realizou,
de criação de uma universidade; as missões culturais estrangeiras, convidadas e
aceitas pela hospitalidade oficial, no setor das artes e das ciências; as
possibilidades para o comércio do livro; a criação de tipografias, princípios
de atividade editorial e da imprensa periódica; a instalação de biblioteca
pública, museus, arquivos; o cultivo pela oratória religiosa e das representações
cênicas". A dinamização da vida cultural da colônia e a criação de um
público leitor (mesmo que, inicialmente, de jornais) criam algumas das
condições necessárias para o florescimento de uma literatura mais consistente e
orgânica do que eram as manifestações literárias dos séculos XVII e XVIII. A
Independência política, de 1822, desperta na consciência de intelectuais e
artistas nacionais a necessidade de criar uma cultura brasileira identificada
com suas próprias raízes históricas, linguísticas e culturais.O Romantismo,
além de seu significado primeiro o de ser uma reação à tradição clássica,
assume nossa literatura a conotação de um movimento anticolonialista e
antilusitano, ou seja, de rejeição à literatura produzida na época colonial, em
virtude do apego dessa produção aos modelos culturais portugueses.
O
Romantismo foi caracterizado como se fosse uma visão do mundo que se
contrariava com o racionalismo.
Quando
se iniciou o movimento era apenas uma atitude, como se fosse
um estado de espírito, porém mais tarde ele se tornou uma forma de movimento e
o espírito romântico passa a ser uma visão do mundo que visava cada individuo
em si. Os autores que existiam naquela época foram cada vez mais se centrando
neles mesmos, assim passaram a retratar dramas humanos, amores que não dava
certo, como Romeu e Julieta, desejos de escapismo e idéias utópicos. O século
XIX foi marcado pelo lirismo, pela emoção, subjetividade e pelo eu artístico.
As
suas características foram o Individualismo, Subjetivismo e Idealização.
Individualismo foi a abertura para manifestações de individualidade, na maioria
das vezes eram definidas como emoções e sentimentos.
O Subjetivismo o autor se trata dos
assuntos de forma pessoal, de acordo assim com o mundo e com ele. Isso pode se
ver facilmente pelos verbos quase sempre em primeira pessoa.
E a Idealização era feita pela imaginação, exagerando
em algumas características. Desta forma era possível afirmar que o índio era um
herói nacional e que a pátria sempre foi perfeita.
                                        Imagem Liberdade conduzindo o povo de Delacroix 
Principais
autores e obras na Europa:
-
O escritor Walter Scott publicou “Ivanhoé” em 1819 na Inglaterra.
-
O escritor Victor Hugo publicou “Os Miseráveis” em 1862 na França.
-
O escritor Johan Wolfgan Von Goethe publicou “Os sofrimentos do jovem Werther”
em 1774 na Alemanha.
-
O poeta Lord Byron publicou “Peregrinação de Childe Harold” em 1812 na
Inglaterra.
Principais
autores e obras em Portugal:
1ª.
Geração:
-
Almeida Garret: Obra “Camões”.
-
Alexandre Herculano Eurico: Obra “O Presbítero”.
-
Antônio Felício de Castilho: Obra “Cartas de Eco e Narciso”.
2ª.
Geração:
-
Camilo Castelo Branco: Obra “Amor de Perdição”.
-
Soares de Passo: Obra “O Firmamento”.
3ª.
Geração:
-
Júlio Dinis: Obra “As pupilas do senhor reitor”.
-
João de Deus: Obra “Flores do Campo”.
Principais
autores e obras brasileiros:
1ª.
Geração – Nacionalistas-Indianistas:
-
José de Alencar: Obra “Iracema”.
-
Gonçalves de Magalhães: Obra “Suspiros Poéticos”.
-
Gonçalves Dias: Obra “Canção do Exílio”.
2ª.
Geração – Ultra-romantismo/Urbanistas:
-
Álvares de Azevedo: Obra “Lira dos Vinte Anos”.
-
Casemiro de Abreu: Obra “As primaveras”.
-
Fagundes Varela: Obra “Vozes da América”.
-
Junqueira Freire: Obra “inspirações do Claustro”.
3ª.
Geração – Condoreirismo/Regionalistas:
-
Castro Alves: Obra “Espumas Flutuantes”.
-
Bernardo Guimarães: Obra “O Seminarista”.
-
Visconde de Taunay: Obra “Inocência”.
-
Tobias Barreto: Obra “Dias e Noites”.
-
Joaquim Manuel Macedo: Obra “A Moreninha”.
-
Franklin Távora: Obra “O Cabeleira”.
Machado
de Assis participou do romantismo com as obras: “Ressureição”, “A mão e a
Luva”, “Helena” e “Iaiá Garcia”. Ao publicar “Memórias Póstumas de Brás Cubas”
em 1881 marca formalmente a passagem para o Realismo Brasileiro.
“Ao analisar algumas das principais obras românticas brasileiras, avaliamos os elementos comuns e as características de cada obra.
Em Inocência, Visconde de Taunay apresenta um romance com características ultra-românticas como a idéia do amor ligado à morte, o amor proibido marcado por sofrimento, dificuldades e morte, como características regionalistas valorizando o homem sertanejo, seus costumes típicos e o mundo rural.
Em Iracema, José de Alencar apresenta um romance com características românticas como a impossibilidade de atingir a felicidade, o nacionalismo ufanando as belezas naturais, o indianismo expondo o índio como um herói livre da influência do homem branco e da civilização.
As duas obras reúnem as principais características do romantismo brasileiro, sendo a idealização de suas heroínas o foco dos romances. A fantasia é usada nos romances, sendo que "fantasia" neste caso não significa algo impossível e sim improvável. Exemplificando, não seria impossível Inocência abrir mão do relacionamento com seu pai que acabara de conhecer, mas seria improvável, assim como não seria impossível que Iracema, sendo uma índia utilizasse com um vocabulário tão rico, mas também improvável. A fantasia então neste caso, é a construção da personalidade da mulher idealizada. Em Iracema também percebemos outros traços de fantasia, a partir da fauna e da flora. Esses traços dimensionam a relação com a natureza que Alencar propõe em sua obra. A principal fantasia é o fato de Iracema abrir mão de tudo por um homem então recém conhecido, traço marcante e típico do Romantismo.
Em Inocência, Taunay busca em romances europeus, o elemento fantástico para construção de sua personagem, trazendo os ideais de "mulher perfeita", com fragilidade, ingenuidade e beleza perfeita. O texto apresenta também aspectos do Regionalismo, pois a personagem principal está fisicamente mais próxima da mulher sertaneja."
                                              Imagem Fuzilamento de 3 de maio de Goya
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, José de. Iracema, São
Paulo: L&PM Editores, 2002.
TAUNAY, Visconde de. O viajante.
In: Inocência, São Paulo: Martin Claret, 1998.
MASSAUD, Moisés. A criação
literária, São Paulo: Cultrix, 1994.
SOARES, Angélica. Gêneros
Literários, São Paulo: Ática, 2007.