O Barroco surgiu no século XVI e se
estendeu até o século XVIII .Este movimento estilístico se originou na Itália, se
espalhando por diversos países .No Brasil, o Barroco teve seu marco inicial em
1601 com a publicação do poema épico "Prosopopéia", de Bento
Teixeira.
CARACTERÍSTICAS
As características deste movimento
literário são:
Dualismo ou Bifrontismo : Caracteriza-se pelo
conflito ,dilema ,contradição ,dúvida antíteses, paradoxos e oximoros.
Fusionismo : Carcteriza-se pela
conciliação de contrários.
Feísmo: Caracteriza-se pelo pessimismo, irregularidade,
retorcimento e exagero.É contrário a harmonia,sobriedade e clareza.
Pessimismo: Caracteriza-se pela
percepção de brevidade da vida.
Cultismo ou Gongorismo: Caracteriza-se
pelo uso de metáforas, trocadilhos, hipérboles, antíteses, sinestesias e outras
figuras de linguagem, de som e pensamento.
Conceptismo ou Quevedismo: Caracteriza-se
pelo jogo de idéias e conceitos para a argumentação.
CONTEXTO HISTÓRICO, POLÍTICO E SOCIAL
Nesta época o mercantilismo se
desenvolve ,fortalecendo a burguesia, e encerra-se as grandes navegações.
Portugal era dominado pelos espanhóis, enquanto
Inglaterra e Holanda solidificava a Reforma Protestante, liderada por Martin
Lutero.
A igreja se divide após a Reforma, dando
início a Contra-Reforma em Portugal e na Espanha.O Antropocentrismo
característico do Renascimento é substituído pela volta ao medievalismo e a
submissão à Igreja e ao rei, resultando no confronto ente Teocentrismo e
Antropocentrismo.
Em conseqüência, o homem desta época
tenta conciliar elementos contraditórios ,levando ao contraste, característico
do Barroco.
O quadro social é caracterizado pela
crise dos valores Renascentistas, e também das crises econômicas e religiosas.
No Brasil, o Barroco foi introduzido
pelos jesuítas, no final do século XVI ,como
instrumento de catequização .No século XVIII, chega aos centros de produção
açucareira na Bahia e passa a ser utilizado pela Igreja para o ensino da
religiosidade.
Nesta época a economia era dividida em
pequenos núcleos econômicos, e havia pouca difusão das obras literárias até o
séculoXIX.
PRINCIPAIS OBRAS E AUTORES
Éclogas e Pastor Peregrino de Francisco Rodrigues Lobo
(1580-1622)
Rimas Várias de Sóror Violante do Céu (1601-16930)
Carta de Guia aos Casados de Francisco Manuel de Melo
(1608-1667)
História de São Domingos e Anais de D.João III de Frei
Luís de Sousa (1555-1632)
Cartas Portuguesas de Sóror Mariana Alcoforado
(1640-1723)
Sermão da Sexagésima e Sermão de Santo Antonio ou
Sermão aos Peixes de Padre Antonio Vieira (1608-1697)
À mesma D.Ângela
(lírica);A Jesus Cristo Nosso Senhor (religioso);e a poesia em que o eu-lírico
revela sua visão da Bahia (satírica)de Gregório de Matos Guerra (1633-1695)
POEMA“A
INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO” DE GREGÓRIO DE MATOS
Nasce o sol e não dura mais que um dia.
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o sol, porque nascia?
Se é tão formosa a luz, porque não dura?
Como a beleza assim se trasfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Se é tão formosa a luz, porque não dura?
Como a beleza assim se trasfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no sol e na luz falta a firmeza;
Na formosura, não se dê constância
E, na alegria, sinta-se tristeza.
Na formosura, não se dê constância
E, na alegria, sinta-se tristeza.
Começa o mundo, enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza:
A firmeza somente na inconstância.
E tem qualquer dos bens por natureza:
A firmeza somente na inconstância.
ANÁLISE DO POEMA
Ele é caracterizado pelo uso de antítese em sua primeira e
terceira estrofe,marcando as contradições decorrentes do estilo Barroco, gerado
pela contraposição de elementos. Como nos exemplos:
Verso 1: vida/morte
Verso 2: claro/escuro
Verso 3: feio/belo
Verso 4: tristeza/alegria
Verso 11: tristeza/alegria
Verso 2: claro/escuro
Verso 3: feio/belo
Verso 4: tristeza/alegria
Verso 11: tristeza/alegria
Na segunda estrofe, há o uso da dúvida, e da incerteza, caracterizando
a transformação e a inconstância, comuns no estilo Barroco.
O autor retrata o confronto entre dois opostos, dando ênfase à
constante transformação dos elementos e as incertezas que pairavam sobre o
homem desta época.
RESENHA DA OBRA SERMÕES
PADRE ANTONIO VIEIRA
A obra Sermões foi
um marco na literatura Barroca.Com seu estilo único,o autor Padre Antonio
Vieira transpõe mensagens capazes de melindrar o clero e a realeza de sua
época.Seus escritos compõe-se de uma linguagem marcante, enfatizando a
expressividade de seus discursos.
Possuidor de
vasta cultura,Padre Vieira interpreta em seus Sermões o Velho e o Novo
Testamentos reputando os fatos bíblicos narrados,porém, atribui novos conceitos
a estes fatos,incutindo uma nova perspectiva no âmbito teológico.Nas igrejas,os
Sermões levaram à uma grande renovação ,ao abordar temas antes não elucidados,
levando Padre Vieira a sofrer várias atribulações.
Esta obra incutiu
a ira das cortes reais e também do clero,que não aceitavam a sagacidade e a
rápida ascensão de seu autor,o que o levou à Santa Inquisição,tendo como
punição a proibição de seu direito de pregar.
Os sermões de
Padre Antonio Vieira denunciavam as iniquidades dos poderosos da época,envolvendo
Colônias e a Metrópole.Um ato corajoso,que os demais não ousavam
praticar.Apesar do conhecimento público sobre os males que afetavam a sociedade,esses
fatos eram ocultados pela pusilanimidade que se instalava sobre a população.Em
sua obra,Padre Antonio Vieira impavidamente desmascara tais calamidades.
Com seu estilo
único,o autor dos Sermões possui uma linguagem clara e um silogismo fulgente,que
literalmente embevece seus leitores.
Esta obra é um
exímio retrato da época Barroca.E deve ser apreciada por sua relevância
inclusive nos dias de hoje.Autores como Padre Antonio Vieira, jamais devem ser
olvidados,pelo seu altruísmo eminente, e reluzente impavidez.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
VIEIRA,Padre
Antonio.Sermões.Lisboa: J.M.C Seabra e T.Q. Antunes, 1857


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