domingo, 16 de setembro de 2012

BARROCO


 
 
 
O Barroco surgiu no século XVI e se estendeu até o século XVIII .Este movimento estilístico se originou na Itália, se espalhando por diversos países .No Brasil, o Barroco teve seu marco inicial em 1601 com a publicação do poema épico "Prosopopéia", de Bento Teixeira.
 

CARACTERÍSTICAS

 O Barroco se desenvolveu em um período de confronto entre o Teocentrismo e o Antropocentrismo ,que influencia fortemente a arte barroca.
As características deste movimento literário são:
Dualismo ou Bifrontismo : Caracteriza-se pelo conflito ,dilema ,contradição ,dúvida antíteses, paradoxos e oximoros.
Fusionismo : Carcteriza-se pela conciliação de contrários.
Feísmo: Caracteriza-se pelo pessimismo, irregularidade, retorcimento e exagero.É contrário a harmonia,sobriedade e clareza.
Pessimismo: Caracteriza-se pela percepção de brevidade da vida.
Cultismo ou Gongorismo: Caracteriza-se pelo uso de metáforas, trocadilhos, hipérboles, antíteses, sinestesias e outras figuras de linguagem, de som e pensamento.
Conceptismo ou Quevedismo: Caracteriza-se pelo jogo de idéias e conceitos para a argumentação.
 

CONTEXTO HISTÓRICO, POLÍTICO E SOCIAL

 O Barroco surge no século XVI em um período de conflitos religiosos, políticos, econômicos e sociais.
Nesta época o mercantilismo se desenvolve ,fortalecendo a burguesia, e encerra-se as grandes navegações.
Portugal era dominado pelos espanhóis, enquanto Inglaterra e Holanda solidificava a Reforma Protestante, liderada por Martin Lutero.
A igreja se divide após a Reforma, dando início a Contra-Reforma em Portugal e na Espanha.O Antropocentrismo característico do Renascimento é substituído pela volta ao medievalismo e a submissão à Igreja e ao rei, resultando no confronto ente Teocentrismo e Antropocentrismo.
Em conseqüência, o homem desta época tenta conciliar elementos contraditórios ,levando ao contraste, característico do Barroco.
O quadro social é caracterizado pela crise dos valores Renascentistas, e também das crises econômicas e religiosas.
No Brasil, o Barroco foi introduzido pelos jesuítas, no final  do século XVI ,como instrumento de catequização .No século XVIII, chega aos centros de produção açucareira na Bahia e passa a ser utilizado pela Igreja para o ensino da religiosidade.
Nesta época a economia era dividida em pequenos núcleos econômicos, e havia pouca difusão das obras literárias até o séculoXIX.
 

PRINCIPAIS OBRAS E AUTORES

 Nova Floresta de Padre Manoel Bernardes (1644-1710)
Éclogas e Pastor Peregrino de Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622)
Rimas Várias de Sóror Violante do Céu (1601-16930)
Carta de Guia aos Casados de Francisco Manuel de Melo (1608-1667)
História de São Domingos e Anais de D.João III de Frei Luís de Sousa (1555-1632)
Cartas Portuguesas de Sóror Mariana Alcoforado (1640-1723)
Sermão da Sexagésima e Sermão de Santo Antonio ou Sermão aos Peixes de Padre Antonio Vieira (1608-1697)
À mesma D.Ângela (lírica);A Jesus Cristo Nosso Senhor (religioso);e a poesia em que o eu-lírico revela sua visão da Bahia (satírica)de Gregório de Matos Guerra (1633-1695)
 

POEMA“A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO” DE GREGÓRIO DE MATOS

 
Nasce o sol e não dura mais que um dia.
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o sol, porque nascia?
Se é tão formosa a luz, porque não dura?
Como a beleza assim se trasfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no sol e na luz falta a firmeza;
Na formosura, não se dê constância
E, na alegria, sinta-se tristeza.

Começa o mundo, enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza:
A firmeza somente na inconstância.
 

ANÁLISE DO POEMA

 O poema é formado por 14 versos,sendo 2 tercetos e 2 quartetos.

Ele é caracterizado pelo uso de antítese em sua primeira e terceira estrofe,marcando as contradições decorrentes do estilo Barroco, gerado pela contraposição de elementos. Como nos exemplos:

Verso 1: vida/morte
Verso 2: claro/escuro
Verso 3: feio/belo
Verso 4: tristeza/alegria
Verso 11: tristeza/alegria

Na segunda estrofe, há o uso da dúvida, e da incerteza, caracterizando a transformação e a inconstância, comuns no estilo Barroco.

O autor retrata o confronto entre dois opostos, dando ênfase à constante transformação dos elementos e as incertezas que pairavam sobre o homem desta época.

 

RESENHA DA OBRA SERMÕES

PADRE ANTONIO VIEIRA

A obra Sermões foi um marco na literatura Barroca.Com seu estilo único,o autor Padre Antonio Vieira transpõe mensagens capazes de melindrar o clero e a realeza de sua época.Seus escritos compõe-se de uma linguagem marcante, enfatizando a expressividade de seus discursos.
Possuidor de vasta cultura,Padre Vieira interpreta em seus Sermões o Velho e o Novo Testamentos reputando os fatos bíblicos narrados,porém, atribui novos conceitos a estes fatos,incutindo uma nova perspectiva no âmbito teológico.Nas igrejas,os Sermões levaram à uma grande renovação ,ao abordar temas antes não elucidados, levando Padre Vieira a sofrer várias atribulações.
Esta obra incutiu a ira das cortes reais e também do clero,que não aceitavam a sagacidade e a rápida ascensão de seu autor,o que o levou à Santa Inquisição,tendo como punição a proibição de seu direito de pregar.  
Os sermões de Padre Antonio Vieira denunciavam as iniquidades dos poderosos da época,envolvendo Colônias e a Metrópole.Um ato corajoso,que os demais não ousavam praticar.Apesar do conhecimento público sobre os males que afetavam a sociedade,esses fatos eram ocultados pela pusilanimidade que se instalava sobre a população.Em sua obra,Padre Antonio Vieira impavidamente desmascara tais calamidades.
Com seu estilo único,o autor dos Sermões possui uma linguagem clara e um silogismo fulgente,que literalmente embevece seus leitores.   
Esta obra é um exímio retrato da época Barroca.E deve ser apreciada por sua relevância inclusive nos dias de hoje.Autores como Padre Antonio Vieira, jamais devem ser olvidados,pelo seu altruísmo eminente, e reluzente impavidez.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 
VIEIRA,Padre Antonio.Sermões.Lisboa: J.M.C Seabra e T.Q. Antunes, 1857


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